sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

OS GATINHOS DO COLÉGIO CULTO À CIÊNCIA




Durante os três anos que estudei no colégio Culto à Ciência, entre os anos de 1999 e 2001, a presença de inúmeros gatos me chamou a atenção ao andar pelos pátios do colégio ou por seus arredores. Naquele jardim do saber onde estudaram grandes figuras do nosso país, como o pai da aviação Alberto Santos Dumont, o príncipe dos poetas Guilherme de Almeida, o jornalista Júlio de Mesquita, entre outros, alguns inesperados vultos me chamavam a atenção naquela época de mocidade e sonhos. O vulto dos bichanos que saltavam os velhos muros, corriam assustados nas áreas verdes do colégio, escondiam-se nos espaços que não ousávamos alcançar.

 




De onde eles surgiam? Por que eles gostavam tanto de se multiplicar naquele velho colégio? Seria pela aparência tão aconchegante daquele berço de tantos gênios ou pela ação de algumas pessoas solidárias da vizinhança, que uma vez ou outra se compadeciam com a situação dos gatinhos do Culto à Ciência.




 
 

Por algumas vezes, confesso, deparava-me com pratinhos cheios de rações no portão do colégio, deixado por alguma alma bondosa. Mas, nem todos se solidarizavam e os que faziam, infelizmente não faziam o suficiente, porque a presença dos gatos não era uma condição agradável. Aqueles gatinhos deixavam fezes por diversos cantos do colégio, circulavam por todos os lados correndo o risco de serem atropelados na Rua Culto à Ciência, nenhuma garantia tinham de sobrevivência.

 





Hoje, esses gatos ainda têm no interior do tradicional colégio um refúgio, mas há uma iniciativa muito importante e que poderá mudar o destino dos gatinhos do Culto à Ciência. É um passo significativo para resolver essa tradição que sempre foi um problema ignorado, talvez porque os olhares para o colégio sempre se voltaram para sua grande história, seus grandes homens, suas grandes conquistas. Pessoas como minha amiga Celeste Andrade Camargo têm dedicado tempo e esforço para melhorar as condições às quais os gatos estão submetidos no colégio e motivando pessoas a adotarem os filhotes que lá estão. A criação do Gatil de transferência do colégio Culto à Ciência, um lugar onde esses gatos são cuidados e encaminhados para uma possível adoção, é fundamental para o controle e o cuidado dos bichanos.








Uma atitude nobre merece ser fortalecida com gestos nobres, por isso comunico aos amantes de gatos que queiram realizar uma adoção, realizar o gesto tão esperado por aqueles que se empenham pela causa, que não se intimidem, mas procurem os realizadores deste trabalho importante e ajudem esses gatinhos. Um contato dos realizadores para que se possa estar por dentro da iniciativa e até tornar possível a adoção é este: 19 - 99413 4001 claro – whatsApp.






Fotos: Arquivo de Celeste Andrade Camargo


ALEXANDRE CAMPANHOLA


domingo, 13 de dezembro de 2015

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

EXTRA, EXTRA! SURGE A IMPRENSA CAMPINEIRA - Parte final



O DIÁRIO DE CAMPINAS
 
 
 
 
No dia 19 de setembro de 1875, começa a circular em Campinas um novo jornal, o Diário de Campinas, lançado graças ao empenho do jornalista e ex-caixeiro Henrique Barcellos, que conta com a ajuda de Antônio Duarte de Moraes Sarmento, ex-guarda-livros (avô do comunicador Rubens Moraes Sarmento), o ex-aprendiz de alfaiate Gonçalves Pinheiro e o ex-aprendiz de padeiro Joaquim de Toledo. O Diário de Campinas é uma continuação do jornal A Mocidade, que existiu entre os anos de 1874 a 1875, e que em seguida passou a ser denominado A Actualidade, e onde Barcelos e Sarmento haviam trabalhado. O novo jornal caracteriza-se por ser o primeiro jornal de publicações diárias na cidade e por ser defensor da causa abolicionista.

 
 
 
HENRIQUE BARCELLOS
 
 

Henrique Barcellos foi um notável professor de Língua Portuguesa e diretor do jornal Comércio de Campinas, além de escrever diversos trabalhos para o teatro. Mas, seu destaque na imprensa campineira acontece durante os anos em que exerce o cargo de diretor do jornal o Diário de Campinas. Mais tarde, ele funda o jornal Correio de Campinas e assume a diretoria do ginásio Culto à Ciência. Era um jornalista de têmpera, combativo e um defensor intransigente dos interesses do povo.

 

Josephina Sarmento, a primeira jornalista campineira, chega ao jornal aos 17 anos de idade, contratada pelo irmão Antônio Sarmento, diretor do Diário de Campinas na época. Ela contribui com importantes traduções e com mais de 118 folhetins.

 

Alberto Sarmento exerceu os cargos de advogado, delegado de polícia e promotor público, e fundou a Associação Protetora dos Pobres de Campinas durante o período de epidemia de febre amarela. Na imprensa campineira, ele faz parte do corpo editorial do Diário de Campinas. Dentre suas diversas atuações jornalísticas nas páginas do jornal, como na defesa do movimento republicano, ele defende a nobre ideia da fundação de uma casa para mendigos de Campinas, nas colunas do jornal.


Geralmente, nas primeiras páginas do Diário de Campinas são apresentados artigos que discutem o contexto nacional e notícias do país e internacionais. O contexto da grande lavoura e as preocupações com o futuro são constantes. São publicadas cartas de lavradores e mesmo representações do Clube da Lavoura apontando para algumas ações que devem ser tomadas pelo governo.

A respeito de seu apoio ao movimento abolicionista, em uma de suas publicações o jornal elogia os esforços à aprovação de Lei do Ventre Livre, sendo reconhecidos os avanços que esta representa para a questão escrava.

Muitas discussões cuja pauta é a abolição da escravatura são publicadas.

 
 

BUSTO DE ALBERTO SARMENTO
Durante o período da epidemia de febre amarela na cidade campineira, o Diário de Campinas denuncia a precariedade completa da infraestrutura urbana. Em suas páginas são publicados artigos da classe médica, que se tornam grandes debates e são combatidos por publicações de outros médicos, através do jornal a Gazeta de Campinas. No período crítico da epidemia, o Diário de Campinas é o único jornal que segue com suas publicações sob o comando de Antônio Duarte de Moraes Sarmento e Alberto Sarmento, enquanto os outros paralisam suas atividades.

 












O Diário de Campinas encerra suas atividades de 1901.

 

 

Fontes:






 
 
ALEXANDRE CAMPANHOLA